Salazar caiu da cadeira, mas ela (cadeira) não foi substituida.
Há dois antes e dois depois que têm uma força enorme na nossa cultura; antes de Cristo e depois de Cristo e no tempo de Salazar e depois de Salazar.
No tempo em que a vontade do sistema imposto pelo homem das Beiras imperava, as mulheres eram consideradas de seres inferiores. Tudo levava a crer que a após revolução de Abril jamais toleraria o regresso ao passado. Puro engano. Os sinais de intolerância começam a manifestar-se de forma descarada e o mais grave é que a mulher aceita a discriminação como se os actos discriminatórios fossem a coisa mais natural do mundo.
A Federação Portuguesa de Atletismo, FPA, onde provavelmente estará a tal cadeira do anterior regime constituiu a selecção para o Campeonato de Mundo de Corrida em Montanha a disputar a 5 de Setembro na Eslovénia da seguinte forma: 5 atletas masculinos, Aires Sousa, Penafiel; Rui Muga, Bragança; José Carvalho, Vila Real; Gonçalo Borges, Carregal do Sal e José Gaspar também do Carregal do Sal e um feminino, Carla Martinho da Adercus sendo acompanhados por dois representantes federativos, Fernando Fernandes e Emanuel Brandão.
Estes campeonatos têm a componente individual e colectiva daí não ser compreensível que no colectivo a prestação feminina não aconteça.
Dirá a estrutura federativa que existem problemas de tesouraria e que tiveram de fazer opções. Aceita-se que existam critérios, daí, fazer todo a sentido que ficasse em Portugal um dos dois responsáveis federativos e assim dava-se a possibilidade a duas atletas para fazerem companhia à Carla Martinho com benefícios para esta atleta, porque a motivação seria a dobrar e não se feria o direito à igualdade.

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